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Cálculo Renal

Dr. Jeremias Garcia faz um apanhado geral sobre um problema frequente no consultório dos urologistas, as famosas “pedras nos rins”.

CÁLCULO RENAL

O cálculo renal tem uma incidência de 7 a 10% na população brasileira acometendo mais a raça branca e masculina na proporção de três homens para uma mulher na faixa dos 20 aos 50 anos. A origem da litíase urinária é o rim. Na filtração do sangue, que ocorre dentro da massa renal, excessos de substâncias químicas e minerais são depositadas dentro do sistema pielocalicial na forma de cristais. Estes, com o passar do tempo, aglomeram-se e formam as pedras.

Existem vários tipos de cálculos. O mais comum é o de oxalato de cálcio seguido pelo de ácido úrico, fosfato amoníaco magnesiano e outros. Todas as pessoas eliminam cristais pelos rins, porém, algumas por predisposição genética ou erro alimentar irão formar um cálculo. Após uma análise dos exames poderemos ou não detectar a causa da formação da pedra. Distúrbio no funcionamento da glândula paratireóide pode alterar o metabolismo do cálcio elevando sua excreção pelos rins. Excesso na ingestão de proteína animal aumenta o ácido úrico no sangue facilitando o aparecimento do cálculo renal e da gota. Só deve ser recomendada a restrição de laticínios de forma severa para pacientes que forem estudados e apresentarem distúrbios de metabolismo para o cálcio. O tomate, rico em oxalato e licopeno, não deve ser abolido da alimentação já que seriam necessários mais de 20 quilos diários para contribuir na formação da litíase.

No verão, com suas temperaturas elevadas, iremos perder mais água com a transpiração, diminuindo a quantidade de urina. Isto facilitará a precipitação dos cristais, aumentando a incidência dos cálculos nesta época. Como medida preventiva devemos ingerir no mínimo 2 litros de líquidos por dia sendo que a metade de água. Os portadores de cálculos devem aumentar esta quantidade para 4 litros para poder eliminar um mínimo de 2 litros de urina. A presença da calcificação dentro do sistema urinário é assintomática, independente do seu tamanho, desde que não obstrua a passagem da urina no seu trajeto do rim para a bexiga, passando pelo ureter.

A cólica renal ou crise renal é uma dor intensa localizada no lado do rim ou ureter afetado pelo cálculo no seu deslocamento para a bexiga. Descrita pelos que já passaram por experiência tão desagradável, como mais dolorosa que o parto ou infarto do miocárdio. Durante a crise, a dor irradia para o abdome chegando até os testículos ou grandes lábios provocando náuseas, vômitos, sudorese, desmaios, urina sanguinolenta, febre e desejo de urinar com muita frequência.

O quadro de cólica renal deve ser tratado na emergência ou clínica especializada, pois pode ter consequências graves e desastrosas para o rim e para o próprio paciente. Através dos exames complementares iremos detectar a presença do cálculo nas vias excretoras. Mais de 70% destes são detectados pelos raios x do abdome. Associado ao ultrasom, que permite visualizar dilatação ou outras lesões dos rins, as chances de diagnóstico vão para 90%. As pedras com mais de 5 milímetros, localizadas no rim ou no ureter, devem ser tratadas com litotripsia extracorpórea por ondas de choque desde que não exista infecção ou bloqueio da função renal.

Os cálculos localizados na pelve renal e ureter proximal com tamanhos entre 5 milímetros e 2 centímetros quando submetidos à litotripsia extracorpórea apresentam taxa de sucesso entre 70 e 80%. Os cálculos localizados no ureter distal tem taxa de resolução entre 40 e 60%.  O procedimento dura aproximadamente 40 minutos e o paciente não é submetido a nenhuma manobra invasiva, podendo ir para casa após o tratamento. A litotripsia extracorpórea consiste na emissão de ondas sonoras que ao bater no cálculo, vão desestabilizar sua estrutura química provocando sua fragmentação.

Os cálculos localizados na porção média do ureter, por serem de difícil localização nos aparelhos de litotripsia, deverão ser submetidos a outros procedimentos cirúrgicos como ureterolitotripsia transureteroscópica a laser ou cirurgia tradicional com incisão dos tecidos. Como a litotripsia extracorpórea é um tratamento alternativo, não invasivo, da litíase das vias urinárias, está sujeita a um percentual de insucesso. Pacientes com distúrbios de coagulação, gravidez ou que apresentam estreitamentos em algum ponto das vias urinárias têm contra-indicação formal ao tratamento com litotripsia extracorpórea.